sábado, 10 de agosto de 2013

Legen..wait for it...dog

Às vezes a gente acha, mesmo que por alguns minutos, que está tudo bem. Que tudo passou, que o tempo correu e curou, que a saudade parou de doer, que já é hora de recomeçar.

Acho que fiquei tão atraída pela ideia de ter uma nova companhia, um novo integrante na família, que esqueci do rombo que ainda existe em mim.

Quão ridículo é, de minha parte, ver um vídeo de um cão genial fazendo truques "sobre-caninos", rir de tudo, achar espetacular, parar por um segundo e começar a chorar? E eu chorei porque cheguei a conclusão de que um dia aquele casal iria perder um cão genial.

Eu nunca precisei de truques ou qualquer outra coisa, se não sua companhia e seu mini-cotoco-rabo balançando e, mesmo assim, doeu e dói.

Quão ridícula eu sou, por me arrepender de achar que já era o tempo certo? Eu descobri que isso só iria me fazer sofrer. Eu sei, é ridículo desistir de adotar um totózinho novo por imaginar uma futura perda. Eu sei. Mas eu sei também que aqui tem um vazio que nada vai preencher tão cedo...

Pensei que o pior já tinha passado, até chegar o meu aniversário e você não estar lá pra "cantar" parabéns pra mim. Quem esteve presente em qualquer aniversário na minha casa, sabe do que eu estou falando. E isso era mil vezes melhor que qualquer truque. Era genial.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Re.spect.walk.

Por alguns momentos cheguei a me perguntar se sou eu quem espera demais das coisas. Me perguntei se a culpa das minhas decepções eram minhas. Vivo dizendo que não se deve esperar muito, pra não se decepcionar depois. Esperar sempre pelo pior, pra haver surpresa se algo der certo. A dificuldade é encontrar o que é normal e o que não é, de se esperar das situações.
De repente, sou exigente demais. De repente, meu esperar "pouco", pros outros ainda é "muito".

O pior? Eu apenas espero respeito.

Pra mim a vida gira em torna dessa palavrinha de três sílabas. Tudo, absolutamente tudo, seria melhor se isso existisse dentro de cada um de nós.

A verdade é que o respeito já não existe. Não existe "ser metade respeitoso". Você pode ajudar alguém a atravessar a rua e trair o seu parceiro. Você pode ser ótimo com sua família e amigos, mas puxa o tapete do seu colega de trabalho. Você pode amar uma pessoa e cultivar ódio por outra. Afinal, onde foi parar o respeito?

Respeito. Utopia.

Mundo, você já pode acabar. Obrigada por tentar até o fim.



terça-feira, 16 de abril de 2013

Novodevocê


Hoje teve almoço em família e você não estava aqui.
E a gente lembrou de você tantas vezes. Quando caiu comida no chão e você não estava esperando do lado pra "limpar". Quando a porta da área de serviço bateu e eu achei que você fosse ficar presa... Quando eu sentei no chão da cozinha pra fazer as unhas e você não apareceu pra matar sua curiosidade e cheirar tudo pra depois deitar no meu colo.

Eu só queria que essa falta que eu sinto parasse de aparecer. Ainda é tão ruim lembrar que você não está lá.
Eu imaginei que se você pudesse estar aqui por um dia, esse dia seria hoje. Com a família reunida. Com todos em cima de você e eu não sairia do seu lado por um segundo... Assim como você nunca saiu do meu, até hoje. E eu acabo lembrando de você com tanta frequência, em tantas situações, que até parece que de fato você está ali.

Eu vejo outros como você na rua e tento procurar seu olhar... Olho pra todos aqueles que estão abandonados e tento reconhecer alguma característica sua, como se eu estivesse esperando pra te encontrar e te levar comigo pra casa a qualquer momento.
Mas eu sei que isso não vai acontecer. Eu preciso parar de procurar. Preciso parar de chamar a atenção de cada um deles só pra ver se algum vai ter alguma reação parecida com as que você tinha. Preciso parar de cutucar essa ferida em mim.

E sempre que falo de você, meus olhos ainda enchem de lágrimas. Sempre que me perguntam o que te aconteceu, rasga o peito de uma forma que não parece natural.
Eu achei que o tempo curasse as coisas. Ele não cura tudo. Ele não faz esquecer. Ele não faz dor nenhuma diminuir. Ele só tira um pouco o foco das coisas realmente importantes. Hoje eu tenho novas preocupações, novas metas, novas obrigações e responsabilidades. Você não está aqui pra aliviar meu stress. Não está aqui pra me fazer sorrir com seu jeito estranho. Eu ainda aguardo o dia em que vou conseguir sorrir lembrando de você, sem chorar. O dia em que não vai incomodar pensar tanto em você.

Tem coisas que eu tento aplicar na minha vida, como exemplo do que você fazia. Reclamava tão pouco, ficava feliz com tão pouco... Você transformou seu mundo e o nosso num lugar melhor. Pelo menos não foi tudo embora com você. Muito de você ficou e pra sempre vai ficar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Tomorrow


"Yesterday, there were so many things I was never shown. Suddenly this time I found I'm on the streets and I'm all alone." (Guns N' Roses - Yesterdays)


Ando sentindo saudades do que não sei explicar. Não sei se é das velhas amizades, se do cabelo da semana passada ou daquilo que fui um dia.

Os meses têm passado correndo por mim e tudo aquilo que era presente ficou pra trás. Tanta coisa importante que foi deixada e eu provavelmente também tenho culpa no cartório. Tudo agora é tão novo que não me sinto mais na minha zona de conforto. Fazia tempo que eu não sentia esse aperto no estômago e vontade de chorar. Eu quero de volta aquilo que eu não sei o que é.

(The Old Horizon - Geoff Diego Litherland)

Eu sinto falta da minha família. Sinto falta da companhia do meu irmão e de assistí-lo jogando WoW todas as noites antes de dormir. Sinto falta de quando minha tia-avó cantava músicas em italiano pra mim. Sinto falta de quando em todo aniversário tinha um pacote dos Correios com uma lembrança do meu avô. Sinto falta de quando chegava em casa e tinha a minha pequena peluda pulando em mim. Sinto falta de ter a amiga pra dividir o quarto e a vida, que me tirava o sono mesmo quando eu tinha que acordar cedo no dia seguinte e que me fazia comer todas as coisas mais não-saudáveis do mundo, mas que valiam a pena só porque preparar nossas artes gastronômicas engordativas era sempre divertido. Sinto falta de sumir de casa na sexta e voltar só no domingo, com um saldo positivo de filmes, unhas e sobrancelhas feitas e alguns torrões a menos que a Coca-Cola diária implicava. Sinto falta da companhia diária de quem mesmo longe, estava sempre perto pra me irritar dizendo verdades sobre mim.

Eu não sei quando tudo isso acabou. Eu não sei como tudo isso mudou. Eu só sinto falta.

Sixx:A.M. - Tomorrow

"Tomorrow you're gonna have to live with the things you say

Tomorrow you'll have to cross bridges that you burned today

And everything you do, it's coming back for you

You'll never outrun what waits for you"

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Irréversible


Meus velhos hábitos voltaram das férias junto comigo. O café voltou a esfriar na mesa do escritório e o sono voltou a falhar. Vou mentir se eu disser que não gosto dessa rotina. Ela é extremamente confortável. Desesperadoramente confortável.

Apenas me senti desconfortável ao usar "desespero" e "conforto" numa mesma frase. Não que deva fazer algum sentido, mas me preocupa o estado de inércia que isso tudo envolve. Prefiro a insônia ao excesso de sono. Prefiro as horas extras que ganho na noite insone do que a correria entre prazos, compromissos e o viver. Viver, do fazer o que der vontade e aproveitar meu tempo com coisas mais reais, do que apenas sobreviver.


Eu nunca me importei com o café frio sem açúcar, nunca me importei da cerveja perder o gelo, ou com a Coca-Cola sem gás. Eu quero meu tempo sendo meu, não das coisas. Já que não nasci filha do Eike Batista, preciso me desprender de grande parte do meu relógio trabalhando. E o resto, o que sobra, é só meu. Meu pra decidir pra onde vou. Meu pra decidir com quem eu quero dividir a vida, a mente, o olhar.


A vida é tão mais do que isso, que eu cansei de vagar sem destino. Cansei de sair e ao mesmo tempo cansei de ficar. "Le temps détruit tout" e a falta dele também. Não quero viver coisas pré-determinadas e limitadas, não quero viver de pressa, de horários e de indecisões. As pessoas simplificam tanto tudo, que o tudo vira nada. Cansei de ver o significado das coisas se esvaindo pelas frestas como se não fossem (nada). Cansei.





"Parce que le temps détruit tout.
Parce ce que certains actes sont irréparables.
Parce que l'homme est un animal.
Parce que le désir de vengeance est une pulsion naturelle.
Parce ce que la plupart des crimes restent impunis.
Parce ce que la perte de l'être aimé détruit comme la foudre.
Parce ce que l'amour est source de vie.
Parce ce que dans un monde bien fait le tunnel rouge n'existerait pas.
Parce ce que les prémonitions ne changent pas le cours des choses.
Parce ce que le temps révèle tout. Le pire et le meilleur."
Irréversible - Gaspar Noé

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A brief reflection (of how it always feels like I am waiting for something)


Essa chance é tão raramente dada, tão raramente exposta, exatamente por momentos como esse. Não é fácil e eu sinto. E não gosto do que sinto e como sinto. Pode soar fraqueza, eu nunca disse que era o certo, mas me esconder dessa forma é o que mais me conforta no momento. Talvez eu devesse tentar colocar a cabeça pra fora da toca e deixar a luz bater um pouco no rosto, mas acho que um pouco de sombra talvez faça bem aos pensamentos que não param e pairam.
Chega de movimentos rápidos e despretensiosos. A mente precisa descansar um pouco, desfragmentar e reiniciar o sistema ainda desatualizado.

Porque nem sempre "acordar, esquecer, prosseguir" funciona de primeira.


Nada Surf - Waiting For Something

"This peace I can feel it now

Once in a while now it better grow

It always feels like I am waiting for something"

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

As metáforas (que eu acho) que ninguém entende


O corpo humano, ou a mente, deve possuir algum tipo de mecanismo de vingança dentro de si. Na tentativa de privar qualquer um dos dois, seja em relação a alguma querência física/externa ou sentimental/interna, algo sempre acaba dando errado depois de dado tempo, como se o corpo/mente estivessem se revoltando contra você por privá-los da luz do sol.


Essas privações já chegaram a funcionar por muito tempo comigo, meio que como uma fantasia que visto, um muro que levanto, ou um botão de turn on/off. Nunca sei quanto pode durar essa tentativa de estilo de vida, muito menos quanto leva a adaptação (e readaptação, uma vez que tudo já está fantasiado/protegido/desligado e precisa ser reexposto). As vezes meses, as vezes anos.

Queria poder pensar num mecanismo de auto-defesa melhor do que esse. Ir meditar no Tibet já me pareceu uma boa opção, assim como hibernar por 6 meses. A vida consegue ser tão irônica que nem isso me permite fazer.


Leva um tempo pra que as coisas fiquem adormecidas internamente. As vezes algum vento sopra diferente e uma brasa vira uma chama e, as vezes, o mesmo vento sopra e a brasa vira cinza.

E leva um tempo pra cinza se espalhar e sumir, pra dar lugar a uma nova brasa. Quando acontece, parece sempre uma boa ideia. O problema é que quando a nova brasa aparece e em seguida é desfeita, você percebe que o estoque de pólvora também diminuiu. O que sobrou precisa ser utilizado com parcimônia, o que torna as combustões cada vez mais raras.

Pode soar estranho esse medo todo da exposição, mas meu eu é tão meu, que não quero que levem uma parte dele pra sempre. E a cada combustão, uma parte se perde pra nunca mais voltar.